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O Pai das tartarugas da Guiné-Bissau

Castro Barbosa, técnico do Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas, Dr. Alfredo Simão da Silva (IBAP), trabalha na conservação das tartarugas marinhas da Guiné-Bissau há 25 anos, sendo o Ponto Focal para estas espécies no país. No ano de 1994 descobriu a importante colónia de tartarugas-verdes na ilha de Poilão, umas das maiores a nível mundial, e desde então dedicou a sua vida a proteger estes animais.




Como foi a primeira vez que viu uma tartaruga marinha, e qual é a sua espécie preferida?

A primeira vez que vi uma tartaruga a desovar foi em 1992 no ilhéu de Porcos, era uma tartaruga-verde e fiquei muito emocionado. A minha espécie preferida é a tartaruga-verde. Gosto muito das tartarugas marinhas por serem calmas e inofensivas.

Quais foram os primeiros passos para proteger as tartarugas marinhas nos Bijagós?

Primeiro começámos por recolher informações básicas sobre potenciais praias de nidificação de importância para as tartarugas, sendo que a primeira campanha para a recolha de dados realizou-se em Agosto de 1990 em 23 ilhas e ilhotas. Depois, entre Dezembro de 1992 a Novembro de 1994 realizamos um censo de actividades de desova em todo o complexo das ilhas de Orango, e entre 1994 e 2001 monitorizou-se o ilhéu de Poilão. Ficou muito clara a importância destas regiões para as tartarugas-verdes, para além de outras espécies, e de seguida, um passo muito importante foi o processo da criação da Reserva de Biosfera Bolama Bijagós, e dos Parques Nacionais de Orango e de João Vieira – Poilão, no ano 2000.

Reconhecendo que o ilhéu de Poilão, no Parque Nacional Marinho João Vieira – Poilão, alberga uma das maiores populações de tartarugas-verdes a nível mundial, o IBAP mantém desde 2007 uma campanha de seguimento regular das tartarugas marinhas neste local.

Qual é o nível de envolvimento da população na conservação das tartarugas marinhas, e qual a sua importância?

A população local é parte do processo da negociação para a criação dos parques na Guiné-Bissau, e continua a estar envolvida na gestão destas áreas protegidas através da integração dos membros da comunidade no Conselho de Gestão, que é o órgão deliberativo e consultivo do parque, composto por 13 representantes das comunidades e 13 representantes dos departamentos estatais, ONGs e sectores privados intervenientes na região. O Conselho de Gestão tem como função aprovar o Plano de Gestão e outros documentos reguladores do funcionamento do Parques, bem como identificar estratégias de abordagem das diferentes questões ambientais. Para além disto, outros membros das comunidades, normalmente os mais jovens, participam, como colaboradores, nas atividades de sensibilização comunitárias, seguimento das espécies e na fiscalização de atividades ilícitas.



Castro Barbosa em actividade de divulgação e sensibilização

Como é a sua relação com os Bijagós?

Eu sou apaixonado pelo povo Bijagó, o seu meio natural, a sua cultura e as pessoas em si. Ao longo do tempo consegui criar uma relação de confiança com as comunidades Bijagós, e aprendi a respeitar as suas tradições e crenças e seu meio natural.



Castro Barbosa com Alberto Cavaleiro e João Pereira (Preto), em cerimónia na baloba de Poilão

Porque é importante preservar as tartarugas marinhas para as gerações futuras?

As tartarugas marinhas têm um valor cultural de alto significado entre as algumas comunidades Bijagós, sobretudo entre as comunidades locais dos parques nacionais de Orango e de João Vieira – Poilão.

Por outro lado, as tartarugas marinhas servem de alimento a vários animais, utilizados, direta e indiretamente pelo Homem, e são reguladores dos ecossistemas por consumirem mais de 200 espécies, entre animais e plantas, servindo de controlo de populações de esponjas, medusas, algas, entre outros.

Finalmente, através dos projetos de conservação e do desenvolvimento turistico, criam-se vários postos de trabalho, incluindo para pessoas das comunidades, contribuindo para a ecomomia local, e melhoria da qualidade de vida.



Castro Barbosa com equipa de colaboradores da tabanca de Unhocomozinho

Salva tatarugas i nô preocupaçon, um tataruga bibo, bali mas de que mil mortos!



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